«O Mindfulness é tão bom como os antidepressivos»
Se sente que a sua vida lhe foge ao controlo, que os dias se transformaram numa correria constante, então o plano de oito semanas de ‘Mindfulness’, de que Mark Williams, professor de Psicologia Clínica na Universidade de Oxford, é um dos autores (e que se encontra publiaco no livre Mindfulness - Atenção Plena, da Lua de Papel), pode ser a solução. Parece, como diz o próprio em conversa com o Destak, uma coisa de hippies, mas aqui é a ciência que prova que a tranquilidade e o bem-estar se conseguem com exercícios simples e rápidos. E com efeitos duradouros.
É um homem da ciência, mas isso não o impediu de escrever um livro sobre meditação. O que o levou a tratar cientificamente este tema?
Qualquer pessoa pode dizer que a meditação é uma coisa maravilhosa, que faz muito bem, mas o difícil é prová-lo. Por isso, criámos um programa de oito semanas, convidámos as pessoas a participar e seguimo-las ao longo de um ano. Com isso identificámos metade das taxas de depressão naqueles que tinham tendência para estar deprimidos, provando que esta é uma boa ferramenta de prevenção. E agora já está a ser usada pelos casais que vão ter bebé e pelas crianças nas escolas, já que as torna mais atentas.
O que é que acontece no fim das oito semanas do plano de que é coautor?
Há alterações no cérebro, que resultam da mudança da relação das pessoas com os seus pensamentos – não os levam tanto a sério e isso é libertador. Os resultados científicos mostram que o ‘Mindfulness’ diminui a taxa de depressão, de exaustão e stress nos 12 meses seguintes ao final do plano.
Afinal, o que é o ‘Mindfulness’?
É a tradução de uma palavra antiga que significa atenção plena, estar consciente das coisas à medida que elas acontecem, consciência do que se passa à nossa volta, mas também do mundo interior, que não se mistura com a necessidade frenética de chegar a algum lado.
E é assim tão difícil ter essa consciência?
É muito difícil sobretudo nos dias de hoje porque há muitas pressões e stress, estamos todos disponíveis 24 horas por dia, sete dias por semana. Por isso, é muito difícil desligar. O resultado é a correria constante de uma coisa para a seguinte, de um e-mail para outro, sem nos apercebermos do que estamos a sentir ou se era aquilo que queríamos fazer. Muitas vezes perdemo-nos na satisfação das necessidade dos outros, em vez de fazer o que é bom para nós.
Foi fácil convencer a comunidade científica das vantagens da atenção plena?
O ‘Mindfulness’ parece estranho, uma coisa de hippies, muito new age. Por isso, pensámos que os nossos colegas seriam muito céticos, como nós fomos no início. Mas porque fizemos um ensaio clínico e vários estudos, há evidência clínica. As imagens mostram que após o curso de oito semanas a parte do cérebro que costuma estar envolvida na produção de uma resposta ao medo e outras emoções negativas muda. À medida que as pessoas se tornam mais calmas, vemos o cérebro a mudar.
Atualmente o ‘Mindufulness’ é também recomendado pelo Serviço Nacional de Saúde britânico...
Tornou-se parte dos cuidados strandard, o que significa que tem que estar disponível para os que têm episódios recorrentes de depressão.
Pode ser uma alternativa à medicação?
Pode. Há atualmente três estudos a decorrer que comparam esta terapia com os antidepressivos e confirmam que é pelo menos tão bom – e até mesmo um pouco melhor – que estes medicamentos. Mas se a pessoa tem medo de deixar a medicação, pode fazer ambos até se sentir forte.
A quem é dirigido este livro?
Foi especificamente escrito para levar este tema da clínica para o resto do mundo, para que toda a gente possa tirar daqui os benefícios que desejar. Para que não seja apenas um livro sobre depressão, ansiedade. Para aqueles que sentem que a sua vida lhes está a fugir ao controlo, então aqui estão formas simples para o tentar recuperar. Não é uma panaceia, nem é para todos ou em todos os momentos da vida.

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