O fim das picadelas no dedo
Monitorização da doença tornou-se mais fácil, com uma nova tecnologia que evita as picadelas nos dedos dos doentes.
Há 22 anos que Maria de Lurdes Frade pica os dedos. Não uma, mas várias vezes ao dia. Hoje, com 60 anos, a diabetes de que sofre obriga-a a três injeções de insulina diárias e seis picadelas de dedo para avaliar os níveis de glicose. «Custa tanto», admite ao Destak. Por isso, não tem dúvidas quanto lhe perguntam como seria viver sem ter que picar o dedo: «imagino que deve ser o paraíso!». É isso que oferece uma nova tecnologia, que chega ao País. Mas que não é para todos.
Com um custo de €169,90 (o kit), mais €59,90 por cada sensor, cuja duração é de 14 dias, esta é uma tecnologia que apenas alguns podem pagar. «Uma injustiça», classifica Maria de Lurdes Frade, que apela a uma comparticipação do Estado. José Luís Medina, presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia e Francisco Carrilho, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia pedem o mesmo. A decisão está agora do lado do Infarmed, que se encontra, segundo Paulo Sousa, responsável da Abbott, que comercializa o produto, a avaliar a situação.
Manancial de informações
«Para quem, há muitos anos, acompanha o dia a dia dos doentes diabéticos e partilha não só a parte clínica mas humana desta doença, que pesa muito na vida das pessoas, quando falávamos sobre o futuro, falávamos de dispositivos semelhantes a este», partilha Francisco Carrilho, que não hesita em classificar a novidade como «disruptiva», capaz de reduzir os episódios de hipoglicémias e melhorar a qualidade de vida.
Por isso, lança um desafio: que por cá seja possível aceder à tecnologia, «sendo seguro que com esta acessibilidade vamos ter uma redução dos custos com a saúde».
«Um avanço notável»
Com recurso a uma tecnologia «única», o FreeStyle Libre, o primeiro medidor de glicose que evita as picadas nos dedos e que começa a ser comercializado em Portugal na próxima semana, é composto por um sensor, que deve ser colocado na parte posterior do braço, e um leitor que recolhe a informação. E tem indicação para todos os diabéticos mas sobretudo para os do tipo 1 e do tipo 2 que fazem insulina.
«Um avanço notável», garante José Luís Medina, e capaz de «melhorar a qualidade de vida dos doentes», oferecendo três tipos de informação: «sobre o perfil de glicose nas últimas horas, o valor presente e a tendência de futuro. Uma vantagem, já que avisa sobre os ajustes necessários».