Motores diesel têm os dias contados
Pode parecer heresia fazer uma afirmação deste tipo num país como Portugal, onde os automobilistas são “diesel-dependentes”, mas os indicadores são mais do que evidentes. Esta situação mediatizou-se com projetos de limitação à circulação deste tipo de veículos em várias cidades europeias. Ninguém duvida que os diesel oferecem o melhor compromisso custo/rendimento, mas também é verdade que este tipo de tecnologia pode ter chegado ao limite em termos do controlo da emissão de poluentes.
As emissões de óxido de azoto (NOx) são superiores às dos motores a gasolina e se, graças a tecnologias dispendiosas ainda é possível realizar motores capazes de respeitar as normas Euro 6 (europeias) que entraram em vigor em 2014, tudo se vai complicar com o Euro 6c, onde a “letrinha” quase escondida refere a revisão normativa que será implementada no ultimo trimestre, penalizando particularmente as emissões de óxido de azoto.
A redução das emissões de NOx tem sido evidente. Passaram de 500 miligramas em 2002 (Euro 3) para os 80 miligramas (Euro 6), mas até agora eram calculadas com a simulação de uma utilização quotidiana, realizada no banco de ensaio. Agora, o Euro 6c introduz o conceito “Real Driving Emissions” (RDE) com uma majoração das emissões em estrada, em condições que nada têm a ver com os laboratórios.
Por isso, muito boa gente vai ter dificuldades para respeitar a nova exigência. A única forma de o conseguir passa por investir bom dinheiro, que será repercutido diretamente no cliente final, o que equivale a dizer que os automóveis diesel serão ainda mais caros do que os a gasolina, deixando de ser atrativos.
Ainda há um período de tolerância até 2019, mas a maioria dos construtores começam a pensar que talvez seja inútil investir na renovação dos motores diesel atuais, com tecnologias muito caras, sendo mais ajuizado investir em tecnologias como a eletricidade ou opções híbridas, mas com base em motores de combustão interna a gasolina.
São sinais evidentes de que estamos a mudar de paradigma, pelo que não temos dúvidas em afirmar, sem grande risco, que a médio prazo os motores diesel têm os dias contados...

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