Quatro em 10 ciclistas da Volta a Portugal não aplicam protector solar
A Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) realizou em agosto de 2009 um inquérito aos ciclistas sobre os antecedentes de exposição solar durante a prática do ciclismo. A corrida decorreu de 5 a 16 agosto, num percurso de 10 etapas, num total de 1601 quilómetros, e o estudo ocorreu no final da nona etapa.
Dos 102 inquiridos, 64 responderam a 25 questões sobre a hora e o tempo de duração dos treinos e competições, o tipo de proteção que usavam (protetor solar, capacete, vestuário) e a sua história clínica.
Segundo o inquérito, cujos resultados são hoje divulgados, 78 por cento dos participantes realizavam os treinos e competições entre as 11:00 e as 17:00 e 98 por cento das provas e treinos tinham uma duração entre três a cinco horas.
O estudo indica que 58 por cento dos ciclistas aplicavam regularmente protetor solar. Destes, 43 por cento aplicavam 30 minutos antes e 40 por cento imediatamente antes. Apenas oito por cento reaplicavam.
A maioria dos ciclistas (72 por cento) usava vestuário que não cobria os braços e antebraços, 87 por cento usavam óculos escuros e 64 por cento contaram que já tinham sofrido queimaduras solares, sendo as mais frequentes na face (sobretudo o nariz), braço e antebraço.
“Verificou-se uma percentagem elevada de história de queimaduras solares, o que implicará um risco acrescido de cancro da pele nestes atletas”, alerta a APCC, defendendo a necessidade de fomentar o uso de capacetes com proteção frontal, vestuário que cubra antebraços e braços, protetores solares e óculos escuros.
Em declarações à Lusa, o secretário geral da associação alertou para a importância de as competições e treinos serem realizados em horários com menor índice de raios ultravioleta: fazer desporto ao ar livre, sem proteção solar adequada, contribui para o envelhecimento precoce e constitui um risco aumentado de cancro da pele.
“Não estamos contra o desporto. Devemos caminhar, fazer as nossas corridas, mas com boa proteção, a horas adequadas para que não seja mais um fator de risco para a população”, disse Osvaldo Correia, aconselhando: "Se a pessoa não pode ter outra hora, procure as sombras ou os parques de jardim, mas sobretudo proteja-se com a roupa e chapéu”.
Para alertar para os riscos do cancro cutâneo, a APCC vai realizar o Dia do Euromelanoma, a 26 de maio.
Nessa altura haverá uma campanha de sensibilização para as crianças que vão, em breve, para férias escolares e campanhas dirigidas aos atletas de desporto ao ar livre, sejam eles amadores ou profissionais.
A APCC estima que surjam este ano em Portugal mais de 10 mil novos casos de cancro da pele e, destes, mais de 1000 serão novos casos de melanoma.