Quem somos nós como País?
Há duas semanas, bem no centro de Cascais, seguia uma mota a altíssima velocidade. Quem viu não sabe explicar o que aconteceu, são décimas de segundos, um carro dá um toque na referida mota que voa a uma distância incrível até cair no chão, o condutor já morto, esmagado pelo impacto.
As pessoas que ali estavam ficaram em estado de choque. Imóveis perante a impossibilidade de sequer ajudar o jovem. Havia quem não contivesse gritos de pavor perante aquele corpo humano desfeito, transformado em pouco mais do que uma papa.
Foi então, e antes que a polícia ou a ambulância chegassem, que aconteceu algo verdadeiramente inacreditável: o corpo ao esborrachar-se no chão soltou dos bolsos vários objectos. Telemóvel, dinheiro, e mais coisas espalhavam-se pelo alcatrão.
Foi aí que, rapidamente, vários jovens correram a roubar os mesmos, fugindo de seguida. O resto dos seres humanos que ali estavam nem queriam acreditar nem foram capazes de reagir ao espanto de tal coisa.
Quando me relataram isto, fiquei a pensar na monstruosidade do ato. Na falta total de humanidade. Na falta total de vergonha.
Porque me espanto? Porque se espantaram as outras pessoas quando efetivamente é este o quadro social do nosso país.
Quando em todo o lado, por todo o lado, se desautoriza tudo o que dantes tinha valor na sociedade, quando dizem alto e bom som que todos têm direito a fazer o que quiserem, o que esperamos que se transforme esta sociedade?
Creio que foi dos factos que mais me marcou nos últimos anos. Já espero que a justiça não funcione. Já espero que o governo diga hoje uma coisa para dizer o contrário no dia seguinte.
Mas isto? Quem somos nós como País? E o que nos espera no futuro?
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