As viagens de comboio como terapia anti-stress
Gosto mesmo de comboios. São o único meio de transporte anti-stress, desde, claro, que não haja nenhum imprevisto, nem estejam apinhados até à porta. Ir de comboio para o Porto, ou voltar de lá confortavelmente instalado, sabendo que as três horas que se seguem são só nossas, é o maior dos privilégios. É como se colocassem a nossa vida entre aspas, e durante aquele espaço fossemos autorizados à ousadia de olhar para fora da janela, como se por uns momentos fossemos dispensados de prestar atenção aos outros, e até de por em ordem os papéis, que por vício pousámos em cima da mesa, mas não queremos ler. Ainda por cima a rede de telemóvel é má, o que nos permite largar, sem problemas de consciência de maior, a nossa eterna trela virtual.
Mas se quer trabalhar, também pode, porque os comboios mais rápidos e modernos têm tomadas eléctricas que tornam possível ligar o computador e trabalhar,. Mas opte antes pela opção de um um pequeno-almoço trazido ao lugar, que lhe dá a ligeira impressão (mais do que isso também é lisonja) de ter embarcado no Expresso do Oriente. Pensando bem, talvez até se conseguisse que a Segurança Social comparticipasse umas viagens numas linhas românticas, como terapia anti-depressão ou anti-stress.
Mas se falamos de comboios, temos que falar de aviões. E a situação ai roça o escândalo. Os preços dos voos Lisboa-Porto custam cerca de 300 euros, ida e volta, por um percurso que em meios alternativos se faz em menos de três horas e por mais de metade do preço. Apesar das aparências, nem sequer tem grande justificação em termos de tempo, porque somados check-ins, passagens em «postos de controle», e minutos gastos em carrinhas, e o taxi depois para o centro da cidade, provavelmente não compensa. Isto se não apanhar um voo internacional que obrigue a ficar na fila para mostrar o BI, dando razão a quem defende que as duas cidades pertencem a dois países! Ninguém inventa uns low-cost, a bem da produtividade nacional?
4 comentários
Parabéns!
PASSAGEIROS DA AUTOMOTORA
Cara Dr.ª Isabel não sei, se por acaso, já fez a viagem
de comboio do Crato ao Entroncamento?
Pode crer que é uma aventura fascinante; desde os
passageiros que descalçam os sapatos aos que ressonam
como estivessem a ver um filme sem interesse.
A estação chamasse do Crato mas está situada num lugar
deserto, longe da terra que lhe dá o nome; não tem bilheteira
sendo os bilhetes comprados no comboio! A via é reduzida
por isso obriga a uma marcha lenta e aos baloiços!
Agora falemos do Stress: quase sempre este comboio anda
atrasado mas quando chega a uma estação e tem de esperar
por um comboio que o vai atrelar aí temos três quarto de hora
para aliviar o Stress.
Quanto mais perto do Entroncamento, parece um fenómeno, menos
anda; olhamos para o relógio e sem Stress dizemos: “a continuar assim
perdemos a ligação para norte”, visto este comboio ir para Sul!
Sentia-me mesmo relaxado não fosse os dois tranquilizantes que tinha
tomado .
Zé Ernesto – Gaia
http://zuluechopaparomio.blogspot.com
POETÁRIO =